Já não me
alimento das tuas lágrimas e do teu vómito, declarado por ti por uma mera troca
de mensagens por uma rede social depois do nosso fim. Decidi não realizar mais a
mistura da clareza de uma água límpida e de uma substância mastigada e ácida de
um órgão no meu corpo, dado a incompatibilidade que a minha alma tem com os
sabores agridoces. Pode ser uma contradição dizer-te que não suporto o equilíbrio
de um tom amargo e azedo nas minhas veias, sinto-me saturado disso por ter um
sangue vermelho e puro nas minhas veias e o veneno que a pouca experiência de
22 anos de existência me ofereceram. Qualquer dia vou afogar-me com a minha
toxicidade, ao deixar cair a água do chuveiro sob o meu corpo e sentir a acidez
a subir no meu corpo por todas as maldades idealizadas e os pedidos por perdão
sem intenção e força. Quando esse momento chegar, da minha morte por afogamento
em terra, vou agarrar a minha garganta pelo simples gesto de dramatismo. Todo o
ser humano imagina uma morte serena, com o corpo a cair aos pedaços e sem
capacidades não é verdade? Onde conjugar o Alzheimer caso atinga o nosso
cérebro e as nossas memórias? Imaginar uma morte perto dos 30 com um ataque de
coração ou um acidente de carro? Mesmo estas duas últimas opções para uma morte
precoce são dramáticas. Somos uma desgraça enquanto seres, assino em qualquer
documento que contenha este facto. Berro
para os anjos que descansam no Olimpo, de forma a ouvirem os meus pensamentos e
as minhas atitudes.
Mas para
atingir, neste momento, a limpeza da minha alma decidi não alimentar-me mais
das tuas lágrimas em mistura com o vómito que libertaste ao colocar um ponto
final da tua existência. Resta-me por agora um baixar de cabeça, para quem partilhou
tanto da minha intimidade e do amor. Devo também dizer que não foram poucas as
vezes em que senti pena da tua esquisitice – quando se trata apenas de
estupidez e mania por querer a diferença estampada nos gostos e atitudes – e amar
plenamente um ser humano é não sentir pena em grande parte dos acontecimentos.
Mesmo não me alimentando da podridão que me ofereceste, seu idiota, ainda sinto
pena de ti pela cobardia que me mostras. Os teus olhos pequenos não têm a
coragem suficiente para olhar para o meu corpo, para a minha magreza extrema
que um dia afirmaste amar. Gostava de dizer que te ouviria, caso decidisses
falar comigo algum dia, mas isso é mentira. De podridão e escuridão num ser
humano prefiro afastar-me. Acidentalmente deste um passo para entrar na minha
vida e, assim, para me livrar de um outro lixo que influenciava o meu coração,
foste uma bola de neve que acabou a tempo. Apresento-me como um ser renovado,
capaz de amar profundamente e com ensinamentos na carteira. As minhas paixões
continuam no meu coração, nos recantos dos tecidos da minha alma.
O quão
refrescante é dizer que já há algum tempo que não me alimento do teu rasto
agridoce, recheado de escuridão. A dor acabou há muito tempo e nunca pensei que
era um desastre. Chegará o dia em que isso acontece. Sou um pleno desastre em
todas as minhas ações. Entrego-me agora a um dos melhores seres humanos e sei
que é o meu deus do Olímpio, com capacidade de me levar para o paraíso e aí
descansar em paz. Estou num lugar cheio
de luz.
Sem comentários:
Enviar um comentário