Ultimamente sinto que estou sempre a mil. Em
qualquer questão da minha vida, quer seja com os meus amigos, com os meus pais,
com o meu trabalho do mestrado (agora que me lembro soa sempre a duas mil e
quinhentas tarefas para fazer e estão em cima da minha secretária) ou mesmo com
os meus pequenos projetos. Uma crítica escrita ali, uma notícia escrita acolá,
o visionamento de um filme ou espetáculo a meio do mês e tralhas de livros para
serem lidos. Faz-me desejar algumas coisas: gostava que o meu dia tivesse 48
horas sem necessitar de dormir e não fosse necessário levantar-me para fazer
comida, é o mal das pessoas com gosto em comer, em preparar uma ótima refeição
elaborada para simplesmente se sentarem e sentirem todos os prazeres. No meio
da velocidade mil com que encaro todas as minhas tarefas (o que não é necessariamente
presságio de bom sinal) tenho sempre uma que aprecio fazer lentamente: ler um
bom romance e avaliar todas as personagens e acontecimentos.
Ainda
hoje estava na aula de Literacias para os Novos Media e falávamos sobre
educação informal, acho que foi assim. Em que podemos ler alguma coisa e não tínhamos
planeado aprender algo, não me recordo exatamente se foi assim porque como sei,
a minha cabeça estava a mil, bem longe da sala de aula. Tendo em conta a
matéria da aula, para desabafar estupidamente, aprendo sempre alguma coisa com
os romances lights que leio. Nem que seja a fórmula que o escritor ou escritora
usou: um drama no início, o pobre casal que nunca se encontra e no fim acaba
tudo bem, normalmente com a descoberta de um grande segredo. E todos se perdoam
no final. Gosto de pensar no quão longe me levam estes livros e não recomendo a
ninguém. Tenho gosto de parar as leituras técnicas, com os livros que levo da
biblioteca da minha faculdade, para começar a ler um todo lamechas. O Comer, Orar, Amar foi um desses
exemplos. Desta vez, apeteceu-me ler uma viagem já que não tenho assim tanto
dinheiro para sair fora do nosso país-ervilha (Portugal é mesmo pequeno) para
andar um pouco pela Índia, Itália (ah, bela Roma!) e também pela Indonésia.
Desta última paragem ficou-me o desejo tremendo de ir a Bali, apreciar as
praias com uma boa companhia. E não é que me surpreendeu? Uma espécie de diário
– e não sou nada fã – que acabou por dar algum prazer.
É
como digo, posso andar com a cabeça a mil mas pelos menos uns quinze minutos
das minhas vinte e quatro horas disponíveis acabam por estar reservados para a
minha leitura com prazer. Estou em descanso apesar do trabalho que me aguarda,
vamos lá ver como corre daqui para a frente.
2 comentários:
Comer, Orar, Amar também me surpreendeu. Apesar do seu tom leve e simples, soube-me bem ler algo assim, para desanuviar a cabeça e voar para outras paragens (e que paragens!). Apesar de não achar o livro nada de transcendente, recomendo-o, porque aprendi com ele e há umas quantas citações bonitas.
Acho que depende do estado de espírito e das expectativas com que lês este livro. Soou-me a algo mesmo bom quando o acabei! Citações bem profundas, mesmo quando parecem simples!
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