30 abril, 2009

qualquer coisa sebácea e imunda besunta o meu corpo. sinto-me suja.

26 abril, 2009

dancing queen

"You are the Dancing Queen /
Young and sweet, only seventeen /
Dancing Queen /
Feel the beat from the tambourine. Oh Yeah!"

Não consigo afirmar com toda a certeza onde e quando começou a nossa grande amizade, acho que vai fazer uns três anos. O único ponto onde tenha a certeza é o facto de ter começado por um mau motivo. A hipocrisia e cinismo caracterizam muito algumas pessoas e estavas numa amizade com um ser humano bastante consumido por estas palavras (terríveis, na minha opinião). Mas "há males que vêm por bem" e a nossa amizade é a prova disso mesmo. Uma amizade como a nossa não é construída num dia ou numas semanas, é preciso mais tempo para ganhar a confiança plena. Confiança plena ? Algo que tende a extinguir-se na sociedade.
Falamos quase automaticamente do que estamos a sentir, és das poucas pessoas com quem consigo ser verdadeiramente honesto neste ponto. Por vezes, nem é preciso falares para eu saber o que sentes ou o que achas. Não é formidável esta sensação?
Como em todas as nossas amizades, temos os nossos momentos negros. Como a confiança plena e a honestidade encontram-se misturadas nas nossas palavras, conseguimos sempre ultrapassar as nossas dificuldades.
Já passámos por muito. Já caminhámos por muitos desertos, sem ninguém a ajudar-nos. Já encontrámos muitas serpentes por esse mesmo caminho e tratámos de ignorá-las ou de pisá-las. E também, ao ignorarmos, fomos mordidos sem dar conta, deixando o veneno fluir durante algum tempo pelo nosso corpo e sobretudo sobre o coração. Mas ultrapassámos e estamos juntos como verdadeiros irmãos.
Vou continuar a proteger-te pequenina, vou continuar a chorar contigo, vou continuar a sorrir contigo. Juntos, sempre contigo. Gosto verdadeiramente de ti.
E porquê? Não usas máscaras para te protegeres dos outros de uma forma compulsiva, não tens uma espécie de dupla personalidade que me irrita e não és cínica. És tu, simplesmente.
E dou-te tanto valor, apesar de todos os defeitos (eu sei que também os tenho) sei dar-te todo o valor que mereces, irmãzinha.

"You can dance /
You can jive /
Having the time of your life /
See that girl /
Watch that scene /
Digging the Dancing Queen."

24 abril, 2009

há muito que institucionalizei princípios de igualdade, no entanto ainda sinto a impotência dos meus (quase) 17 anos que me impede de levantar a bandeira vermelha com a foice e o martelo cruzados jurando a vitória do comunismo sobre esse monstro capitalista.
amanhã faz trinta e cinco anos que o cravo matou a espingarda, que os meninos se juntaram à volta da fogueira e aprenderam o que custa a liberdade, faz trinta cinco anos que, num grito estrangulado, se proclamou o fim de mais de meio século fechados ao mundo, mais de meio século de ditadura e opressão. de dentro dos tanques, ecoou um rufo de tambores imaginários, um aplauso infinito, a todos aqueles que apagaram a palavra fascismo da constituição portuguesa aos vinte e cinco dias do mês de abril do ano de 1974.

18 abril, 2009

porque há dias assim. dias em que a saudade do que nunca fui aperta e mal deixa a razão impor-se à revolução que me persegue a cabeça e a vontade. só queria conseguir dizer-te a falta que me faz a tua mão a agarrar a minha, ainda que me violasses a liberdade, ainda que me fosses matando aos poucos com o teu orgulho cego e desmedido, tu protegias-me. e eu nunca gostei de ti.

10 abril, 2009

não suporto estes sublimes episódios de passividade. o que é que se passa aqui, afinal? a minha geração protege-se neste escudo meio ferrugento do qual faz parte a tese de que somos fruto do meio. mas que meio é este que vos impinge tal coreografia? tal destreza de carácter? o quão grande foi o sacrifício que colocou por fim a palavra liberdade nos vossos dicionários e vós, vós reagis como meros saloios! continuais a professar a mediocridade cultural, o afundar da arte e o prevalecer da vitória da ignorância sob todos os valores! acordai, por amor a este Portugal, acordai dessa bebedeira crónica! substitui o rosa das revistas pelo vermelho das revoluções que por este cantinho à beira mar plantado operaram. fazei da boémia uns copos de vinho tinto bem à moda lusitana, uma conversa sobre política e música e tratai-vos, entre vós, por vossa excelência. e porque não? porque não fazer ressuscitar uma elegância e um iconformismo social já há tanto perdidos?