27 outubro, 2009

hoje não vou pôr maquilhagem.
hoje vou ficar a sós com o meu espelho e vou contemplá-lo horas a fio.
apoderar-me de cada traço daquele corpo nu que jaz à minha frente.
vou fintar aquele olhar, que de tão nítido, me parece terrivelmente baço.
hoje quero ser tão simplesmente instinto, loucura e prazer!
que se foda a razão dos homens!
hoje vou amar-me em pleno
sem preconceitos bárbaros ou falsas modéstias!
farei deste dia meu e vou ser a minha própria musa.
hoje sou a personificação da beleza humana,
apodera-se de mim um desejo tal que toda eu se torna em erotismo e pornografia.
penetro-me de amor por mim mesma,
tenho orgasmos múltiplos que não são mais que rimas perfeitas onde está encerrado o meu nome nas entrelinhas.

p.s: eu fiz amor comigo mesma e, meus caros, não há droga que provoque semelhante sensação!

13 outubro, 2009

os corpos.
os corpos nus e mortos.
sempre os corpos.
sempre a nudez
e sempre a morte,
a morte dos corpos.
mato-o quando não sei o que fazer dele,
o que fazer com o meu corpo.
o que fazer com a nudez.
o que fazer com os restantes corpos.
e com as suas respectivas nudez.
queria apropriar-me da minha libido,
de todo o meu erotismo,
da minha eventual sensualidade.
queria expor-me.
ser eu, e conseguir escrever o meu nome com maiúsculas.
queria-me toda.
fazer amor comigo mesma.
penetrar-me de prazer e de razão.
escrever-me cartas infinitas onde estivesse presente o infinito desconhecimento de mim,
do meu corpo,
da minha nudez,
da minha morte.

09 outubro, 2009

sinto náuseas.
há um poeta que me disse
que isso era coisa de quem tem
uma angústia latente ao seu ser.
nunca antes tive tal epifania
ao ler o que todos julgam ser
uma alegoria.
nem de alegórico tem nada, meus caros!
está determinado,
o chão que piso continuará vomitado.