25 novembro, 2010

esta noite vou olhar o espelho. vou abraçar-me contra esse reflexo desconhecido deste não-nascer que, sem querer, moldei. esta noite vou espiar esse pedaço de vidro que me quer fazer crer que o corpo que abraço não é senão o cadáver onde a minh'alma habita.
o vidro estoirou. mil estilhaços. um sem fim de olhares repetidos espalhados pelo chão.
cuidado, não te cortes

01 novembro, 2010

a tua ausência é a causa desta busca desenfreada por minutos de prazer amargo. são vazios todos os corpos que ao meu lado acordam nas manhãs deste outono caprichoso. entrego-me a quem me deseja, finjo desejar a quem me entrego numa ânsia insane de te encontrar, numa quimera ardente de fazer ressuscitar nos teus sonhos foragidos todo o meu delírio por ti.
a noite está fria e tu tardas a abrir a porta. de dentro do teu quarto ouço os gemidos que me pertencem. pára de fingir, esse orgasmo é meu e quem está por cima de ti não sou eu.