28 junho, 2009

é este pungente ciúme carnal que me atormenta dias a fio. tu não sabes, não imaginas sequer o quão eu cobiço esses seios virgens espreitando entre as rendas da camisinha, essa boca inocentemente bela, tudo em ti me provoca soluços de inveja. e, em lugar de fazer prédicas à moralidade, sou atraída, como se de um bicho faminto me tratasse, ao odor dessa tua epiderme, deixando-me morrer por entre espasmos de insanidade. percorro-te, incessante, em busca da minha própria sobridade, mas eu não me encontro, eu não nos encontro jamais, meu amor de algibeira.

24 junho, 2009



eu consigo encontrar uma grande beleza na deteorização física.

21 junho, 2009

é esta necessidade ordinária de justiça que me faz desejar poder enterrar todas as cólicas da sociedade, todos estes oleosos que se dizem liberais ou, pior ainda, modernos. estes míopes que vivem no artifício, enfartados de igualdade e fraternidade, mas em constante vénia à homofobia! perfilam-se, à minha volta, parasitas que vivem ao abrigo do brasão de família, tentando manter a tradição, os valores, embebidos numa hipocrisia inconcebível.
veio-me, de repente, um desejo irreprimível de parar por aqui, pensar exalta-me a loquacidade e de discursos, já andamos todos cansados.

16 junho, 2009

é nesta desoladora superficialidade da língua humana que imprimo todo o meu amor por quem foste tu, meu vocativo permanente! de que me vale a mim, uma iletrada, uma analfabeta, pretender fazer do teu pestanejar triste e lânguido um romance igualmente lânguido e triste? ficará igualmente aquém da sinceridade deste sentimento mil poesias bárbaras que possa vir a declamar em teu nome, meu icorrigível espasmo! sinto esta necessidade vil de prosseguir rogando-te um "amo-te" interminável, porque no final de tudo, eu não pretendo um amor perfeito, só eterno.

03 junho, 2009

hoje consumiste a última dose. pregaste os olhos no chão, imaculadamente nua, e recomeçaste as mil orações ocas e débeis que julgas curarem todas as chagas que abriste. pára, por amor a esses versículos do evangelho que constantemente citas, pára! imploro-te que terminas de professar os sete pecados mortais como se nunca os houvesses cometido! tu transformaste-te no carrasco dessa religião que se prende tão somente à farsa, ao castigo, ao dogmatismo, à hipocrisia! mata-me se nas entre-linhas da última carta que te escrevi não consegues ver o amor que por ti não mato nunca, se não consegues enxegar o desprezo que sinto em relação a essa procissão de parábolas mal interpretadas, a essa jurisprudência defecitária, MATA-ME!
este é o meu derradeiro grito, meu amor. por respeito a essa cruz de ouro que te arrepia o peito, ouve-me: o diabo tem muitos nomes e mefistófeles também!