24 novembro, 2009

Poeta

ah! como eu te invejo ó poeta!
invejo essa tua rima de algibeira
esse cansaço ocioso que te mata em cada hipérbole,
essa tua alma inquieta!
tomara sofrer dessa insatisfação crónica,
tomara poder perpetuar minh'alma num fervor de papel e caneta!
e poder ser múltipla sendo inteira!
tomara ser tu ó poeta!
poeta que, em jejum, engole o mundo de um trago
poeta que, carente de amor, a tudo ama
poeta, personificação dos sentidos, que nada sente senão no papel.
poeta, meu poeta casto e puritano, enche-me do teu lirismo e da tua humanidade e acaba com esta minha existência literalmente animalizada.

07 novembro, 2009

-porquê esse enorme fascínio pelo mundo da prostituição?
-é o mais podre da condição humana.
-sim, mas não o condenas?
-o corpo é teu, a carne é humana.
-e a alma? não conta nada no meio dessa dicotomia ordinária?
-a alma é um capricho que só alguns têm o direito de exigir.
-e a ética, a moral? também gozam de exclusividade?
-essas morrem no dia em que te convidar a dormir no meu leito.