28 junho, 2010

morre! morre! morre!
morre besta personificada em carne humana!
morre num esgar de dor como nenhum outro!
morre lentamente num êxtase mudo!
morre! oh chaga eterna!oh cicatriz tamanha!oh nirvana inatingível!
morre hóspede sem convite!
morre romance cru, pornográfico!
morre em mim e espalha as cinzas pelo divã escarlate, as minhas estão à tua espera na carpete.

18 junho, 2010

hoje os ponteiros vão abraçar-se e a noite vai durar para sempre. só hoje, preciso que me arranques de mim e me conduzas através desses jogos de sedução ocos que só nos levarão ao orgasmo final. oh pedaço de ternura de que não me ouso desfazer! faz de mim o porto de abrigo dos teus sonhos eróticos! penetra-me com todos  os eufemismos do teu credo! suplanta-me com os disfemismos do teu fado e permite-me morrer na hipérbole desta intemperança voluptosa! esta gradação que de mim se apodera quando o teu corpo na minha alma toca com os dedos sujos do regozijo das outras, faz-me desejar agarrar a monogamia e prender-te em mim! 
já devia saber que, juntos, somos um oxímoro ignóbil.