08 julho, 2011

multiplicam-se à minha volta formas de vida errantes que teimam em desenhar círculos perfeitos que não são mais que a figura geométrica das suas próprias almas. e somam-se as noites e as manhãs e as tardes em que me deito no centro desta circunferência cujo raio se perpetua infinitamente, qual recta, e não consigo adormecer. não consigo. quero e querer deveria ser sinónimo de poder, mas não posso. não posso adormecer quando todo o universo que me rodeia são circunferências ocas. quando a única semi-recta que conheço é aquela que me viola o olhar vezes sem conta no bater de uma punheta de um velho sentado à lareira a ver queimar os dias. quando todas as bestas quadradas desfilam numa caixa, também ela quadrada, à hora da refeição. quando todas as relações se formam com base num triângulo escaleno cujos vértices estão convencidos tratar-se de algo equilátero.
eu sei que poderia terminar aqui, mas estou cansada de pontos, vou evitar os pontos, as pessoas gastam os pontos e os pontos estão cansados de serem gastos, eu gosto de vírgulas porque as vírgulas não estão gastas, porque as pessoas têm medo das vírgulas porque as vírgulas não são pontos, porque as vírgulas não acabam num círculo perfeito no fim de uma frase