29 maio, 2009

hoje levantei-me às 5h da manhã e fui urinar. dei por mim a querer experimentar como era ter o privilégio de excretar urina de pé, como os homens!
a parede dissolveu-se em amarelo.

17 maio, 2009

oh! minha bem-amada! hoje confessar-te-ei a paixão que me avassalou a alma, que me esbofeteou o orgulho, a paixão documentada em mil prosas bárbaras dedicadas só a ti, ó nome que eu não ouso escrever! é hoje, deitada sob o teu leito carmim, que me massacro por não ter conseguido vestir esse sentimento tão nobre, tão fecundo, de que me falavas em noites como esta. neste leito celebrou-se, vezes sem conta, uma ode ao amor.

12 maio, 2009

hoje não te quero ver, não quero ser torturada com o eco das tuas súplicas nem o sufoco das tuas lágrimas. só hoje peço-te, interrompe este cortejo fúnebre em que transformaste a nossa vida e encara este quarto, vê como o manchaste de mentiras e abafaste o medo nos lençóis lavados! murmúrios de beijos adúlteros morrendo entre os cortinados cor de vinho, um ambiente austero envolto num romantismo debitado na conta de cartão multibanco. só agora me apercebo do quão ingénuo é o meu coração e do quão ele me enche de vergonha e desconsolação. quero entrar em coma profundo, não ter mais que acordar e olhar para a cara do homem que me preencheu de pudores amargos que me fazem enterrar a cara entre as mãos.

07 maio, 2009

palavras, hoje preciso de as agarrar.
prendê-las em mim e abusar delas. violá-las, fazê-las completar-se mutuamente numa orgia interminável.
hoje preciso que cada uma delas se sinta livre.
tu oh amo-te! hoje não penses que és um verbo e que tens o dom de expressar o que de mais forte um ser humano pode sentir. não! hoje quero que sejas o amo-te, o amo-te sem sentido e completamente despreocupado. o amo-te que digo porque me apetece, o amo-te sem compromissos. e assim sendo, já tenho permissão para dizer um amo-te bem forte à minha tartaruga que hoje partiu uma asa a jogar futebol.
as palavras são tão ambíguas.