25 julho, 2009

hoje vou deitar-me nua na cama, vou adormecer com o lençol a roçar-me a pele oleosa e imunda com a esperança que entres por essa porta que nunca tranco e me raptes para o teu leito profano. quero ser atirada ao encontro dessas tuas ferocidades, dessas violências, desses rasgões da carne, dessas frialdades do prazer! quero deixar-te abalado, pisado, deslocado, algures entre a minha libido e a tua...então vem o tédio, o meu corpo nu, gelado e, novamente pesado, cai sob a colcha e os teus braços morrem em cima do meu peito duro e feio. volta a insatisfação, regressam as questões agora atiradas aos teus ouvidos entre um cheiro insuportável a orgasmos e um cigarro apagado. sabes, nunca percebi porque me incentivaram a estudar tanto, a ser dona de uma tão grande bagagem intelectual, se no fundo este é o único sentimento vivo que a minha alma alberga.

11 julho, 2009

façamos hoje, dia que nada glorifica o nosso Portugal, um apanhado inglório e bruto, dos pecadores da nossa terra!
comecemos pelo topo, por quem nos governa e nos envergonha, que sirvam, deste modo, como motor de arranque a este grito do ipiranga, a este sem fim de lágrimas feitas palavras. falemos da sua oratória reles e deplorável, sublinhemos os seus discursos ocos e utópicos, reforcemos o escandaloso alheamento da realidade social em que vivem estes pobres doutores, que nada têm de pobres e, quiçá, certas vezes, nem de doutores!
um dia comem caviar, no seguinte estão na praça pública a proclamar igualdade. no vigésimo quinto dia de Abril assinalam a evolução aliada à revolução, dia 26 estão, esquerda e direita, a votar por um director autocrático no ensino!
pergunto-me o que sobrou a estes senhores da igualdade, fraternidade e liberdade francesas? possivelmente só e apenas a fraternidade e esta, irremediável e expectavelmente, associada às eleições e ao desejo intrínseco no ser humano de poder absoluto.