Um coração
de metal e um cinzeiro são os dois objetos que faziam falta no meu corpo e na
igreja em que me sentava,
respetivamente para não existir uma certa confusão nas vossas cabeças. Tenho
sempre a mania de escrever, deitar palavras para o ar em primeiro para
satisfação pessoal e em seguida para a segunda ou terceira pessoa, com uma
paciência equivalente a santidade para continuar. Um coração de metal para ninguém
o aceitar e um cinzeiro para colocar mais um dos meus prazer num local de
adoração, de tranquilidade para os mais crentes. Sentado num dos bancos, sem
ferir os joelhos, sinto-me a olhar para Jesus Cristo (uma imitação com
valor monetário para os mais pobres de espírito e ambiciosos por objetos
alheios) com um cigarro na boca, a fumar e a entregar a minha alma aos
pecados. Os pecados são tipicamente humanos, pergunto-me se
todos os santos nunca cometeram um único. Desejos de carne vão florescendo no
meu interior. Preciso de um pequeno controlo para não seduzir a mulher, dona de
casa, sentada num dos bancos com um terço nas mãos e um decote a gritar aos
meus ouvidos os pedidos de paixão, ou então o homem com um rosto petrificado
pelo medo, com fato e gravata e um historial de traições no casamento que
rebentariam com qualquer moralista.
Nunca vou ser suficientemente bondoso, humano
para ser colocado numa cruz. Não vou deixar o mundo de pecadores para me
santificar e purificar todos os litros de sangue que correm no meu corpo. Um
coração de metal para alojar na cavidade húmida e um cinzeiro para apagar o
cigarro. Não sinto a santidade na minha mochila, que me acompanha todos os
dias.
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