02 março, 2012

A pausa na veia dramática,

Confesso que a minha veia dramática manifesta-se em demasia neste espaço, existe alguma porta que abro todos os dias para vestir a pele de qualquer personagem que surge na minha mente. Dou coragem aos meus lábios para beijar o espelho que se encontra à minha frente, às minhas mãos para ferir os meus braços e deixar escorrer o sangue para um frasco e pinto os meus cabelos em tons cinzentos sem pensar duas vezes por detrás destas palavras, já que na realidades somos colocados em regras de condutas. Espreita-se unicamente uma pequena sombra das loucuras que se deseja profundamente, como se fosse a última vontade à face da Terra. A veia dramática eleva as horas às últimas que me restam (conseguem entender?)


 
 

É Lisboa uma das partes que me inspira de momento. Todos dizem que se mudam passado algum tempo de permanência na grande cidade e não pensem que é ilusão. Realmente existe uma mudança e caso não exista um equilíbrio e os olhos bem abertos para o quem somos, para o que desejamos então existe uma perdição estampada em qualquer esquina, nas estações do metro. Não me livrei de quebrar um coração para reparar o meu (o acto desumano mais próximo de traição que conheço), não me livrei de beber uma garrafa de vinho enquanto chorava com amigos, não consegui não mudar nem um pouco. É necessário saber em que boca não devemos cair, existem algumas dispostas a amassar-nos, devorar-nos sem dó nem piedade (e com isto não coloco qualquer interpretação erótica). Mas no contacto com novas pessoas vou encontrando pequenos tesouros como estes. Graças a uma das melhores amigas fiquei a conhecer esta senhora de 90 anos que realça o que sempre pensei sobre a velhice e a autenticidade como artista. Não é dia de cortar o meu coração em postas, haverá mais oportunidades para esse acto. Hoje são os pequenos objectos e as grandes pessoas que me levam.
 E foi aqui que passei a conhece-la um pouco mais.

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