02 março, 2013

Rascunhos das dúvidas em relação ao futuro e à paixão (que vou sempre ter por ti)



Perco-me nas minhas fantasias e na realidade que tende a colocar-se à minha frente, para logo de seguida conseguir empurrar e assassinar nas escadas do meu prédio. Desenho centenas de fantasias na minha mente e uma força exterior ao meu corpo, à minha existência vulgar dá-me uma única realidade. Trata-se de uma doce condenação, nunca vou conseguir dispor da minha realidade. Despejo frases sem sentido para quem me lê devido à intensidade da realidade nos meus pensamentos nos últimos dias, por não conseguir aguentar mais a pressão colocada em cima do meu coração. Quando começo a estudar novamente as histórias criadas pela Disney, como a Bela Adormecida, em que adoro os cabelos louros da Bela e o terror incrustado no comportamento da Malévola, como na aventura da Alice por um mundo das maravilhadas criadas pela sua cabeça, quando esta atenção começa novamente significa que algo, bem nas profundidades da minha caixa torácica não se encontra são, livro de doenças filosóficas. Desenho centenas de fantasias e não posso desenhar nenhuma realidade.

Onde permanecem os meus pés quando quero dançar no meio da rua, sem me importar com qualquer ser humano que passe nesse instante ao pé de mim? Soluço no chão do meu quarto, em Coimbra, por não conseguir colocar os meus desejos na prática. Costumo pensar que só ao colocar um desejo em carne e ossos humanos é que consigo viver um pouco mais em paz. Nestas semanas tenho deixado o meu nervosismo comandar-me, por me perder no meio da fantasia proclamada na minha cabeça e na realidade colocada na minha casa em Lisboa. Ao dançar e sorrir na sala não tenho capacidades de suportar o esquecimento da brasileira em lavar a loiça dias seguidos, dói-me a respiração por ver tantos detalhes desalinhados quando o meu mundo devia ter um feitiço de perfeição, pronto a ser pedido por todos os outros seres humanos. Sonho tantas vezes em arrumar o armário alheio, desejo arejar todas as roupas que não me pertencem e necessitam de uma arrumação. Mas pergunto-me se não será um defeito extremo esta urgência em tornar tudo branco e brilhante. Como se estas duas caraterísticas pertencessem à noção de perfeição contida no imaginário dos génios, dos filósofos, nunca no cérebro dos cientistas ou matemáticos. O amor existe? A vontade de permanecer eternamente ao lado de uma alma, já que os corpos são consumidos ao fim de algum tempo, existe?

No meio daquelas fantasias são estas as perguntas, rabiscadas mais acima e anteriormente, as capazes de me fazer tropeçar no meio do quarto, o meu lugar sagrado. Perguntei-te a ti, há alguns dias se éramos capazes de ter uma relação como no início. Mas quem é que gosta de ser enganado? Diria num primeiro momento, os meus pulmões. Fumar apenas de vez em quando não os torna mais saudáveis, nem aumenta o meu prazo de validade. Depois o coração, por querer romance na hora em que me encontro numa transição. De paixão ao amor, do fogo para as águas calmas do rio. Ensina-me como suportar a metamorfose nos momentos em que os meus pés querem dançar no meio da rua. Sou incapaz de conjugar a minha fantasia com a nossa realidade, especialmente em fases novas.  Nós existimos, meu amor? A solidão encontra-se quente, dúvida da sua existência quando começo a pensar no presente. Deixei de colocar o futuro a longo prazo nos meus pensamentos por ser simplesmente humano, sem capacidades de adivinhação. Resto eu, restas tu, restam os meus e os teus amigos, a nossa família também colocada na equação. Quero respirar ofegantemente por não conseguir acalmar, faz-me isso. Ensina-me, dou-te a conhecer tantas possibilidades e gestos todos os dias. Moro todos os dias comigo, estou condenado.

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