17 setembro, 2008

louca, desgrenhada - preciso de um chá e de um beijo, preciso de descansar.
vem descalçar-me os sapatos e tirar-me a maquilhagem.
despe-me a roupa pesada, veste-me a alma com seda.
enche a banheira com água e sais, mima-me com uvas na boca enquanto, deitada na espuma de olhos fechados, juro não pensar em nada.
quero sentir que me amas acima de um orgasmo. quero que esqueças a língua e me beijes os lábios.
só não quero este cansaço. esta angústia que padece a cada fonema que atiro para os ouvidos do que afinal é só um telefone. já dispensamos despedidas, vivemos nas saudades.
foi a ausência penosa de uns braços que me envolvessem, as noites em claro no escuro de um quarto que não reconhecia, foi a rotina, a impaciência, o vício, os desgostos, os pesadelos, foi tudo que me deixou cansada, irreconhecível ao espelho do meu quarto (re)conhecido. não restou nada da moral, sou uma descomungada aos olhos da igreja, uma lunática aos olhos do mundo.
a teus olhos?- sou o que sempre fui e o que nunca soube ser com ninguém mais.
não sei que fazer com este maldito cansaço! se hei-de enfiá-lo num caixote e enviá-lo por correio azul para a jamaica ou se hei-de continuar assim, a tentar enganar a exaustão com banhos de espuma e chás a escaldar.

2 comentários:

David Pimenta disse...

Mais vale enviares pelo correio azul, companheira. despacha-o bem rapidamente.
está mesmo fantástico, apesar de não ser um tema que me alegre de ler.
<3

Anónimo disse...

Texto simplesmente fantástico!=)