04 outubro, 2008

porque não foi à toa que disse amar-te.

eu cria piamente em ti, qual personificação da verdade, e tu que fizeste? gozaste-me como um vício de final de dia. tu meu pedaço de ternura a crédito, jamais farás ideia do quão imensas são as coisas que por ti não fiz. porque não quiseste.

e agora, navegando por este sem fim de vontades que me cremam, beijo gentes que emergem nas saudades de um amor que não mataram. o cheiro dos lençóis em que pousaram mil corpos de mil amantes, jamais igualar-se-á ao teu odor de revolução. as vidas desprendidas que, de um acaso, se prenderam uma à outra para não mais verem morrer o final. a psicose e os traumas que deitaram abaixo cada sorriso não são mais que detalhes banais quando chega o ardor de um suspiro soprado ao ouvido no abraço mais quente.

quiçá se tudo não passou de mero encadeamento psicológico? que por mais reais que ousem parecer as marcas dos teus dentes na minha pele, a verdade for esta? um fracasso tremendo numa realidade imaginária. já bebemos e fumámos demasiado hoje, meu bem – vamos para a cama, antes que comecemos a chorar da bebedeira que nos aquece e a respirar o fumo que nos acalma por mil noites.

5 comentários:

Inês (?) disse...

Gostei muito do texto , está complicadito mas isso torna-o diferente e ainda mais 'apetecível' . Gostei mesmo ^^

Um beijo ,

David Pimenta disse...

Gostei mesmo companheira (:
neste caso temos de o ler mais do que uma vez, mas pelo menos a ideia permanece :D

Ana Moreira disse...

Este texto está fascinante! Um dos que mais gostei de ler neste blog. *

qel disse...

«já bebemos e fumámos demasiado hoje, meu bem – vamos para a cama, antes que comecemos a chorar da bebedeira que nos aquece e a respirar o fumo que nos acalma por mil noites». Divinal!

Emma disse...

oh god que texto incrivel! de um modo geral estive a ler os restantes e acho que estão fantásticos (: