larguem-me! que raio faço eu aqui? onde estão os lençóis? e a janela? porque está aberta a janela? o meu corpo jaz sobre a retrete e perdi a minha líbido algures neste compartimento! mas larguem-me, eu quero perceber! onde está o corpo que tomei como meu? onde estão as mãos embriagadas que percorriam os meus seios em busca de sobridade? e a janela? fechem essa janela de vez! tenho os ossos partidos, o meu corpo não é agora senão um saco de pele e fel e cera e sangue e excrementos e lágrimas e óleo e esperma e...larguem-me por amor de deus, larguem-me! cremem-me a alma se não me pretendem elucidar sobre o que se passou aqui! quantas vezes penetraram o meu corpo sem eu dar por nada? digam-me, filhos da puta! digam-me quantas não foram as vezes que morreram em mim espasmos de amor? quantas não foram as vezes em que despi corpos sendentos de que lhes fosse concedido o desejo de alguém lhes despir a alma? larguem-me! atirem esse corpo para debaixo da terra e fechem a janela! ninguém tem de saber de nada.
6 comentários:
demoro sempre um bocadinho a ingerir as tuas palavras. o efeito é sempre maravilhoso, não fazes ideia.
A escolha de palavras, tanta ideia. Lindo.
Que intensidade!
opa eu juro que amo isto, ja te expliquei ahah
Mais uma vez adorei desde a primeira letra até ao ultimo ponto final (:
Nunca tinha lido, foi a primeira vez e adorei! Fiquei fã. A sinceridade, a brutalidade das palavras, o impacto!
Obrigado pela maravilhosa escrita*
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