01 setembro, 2010

não suporto mais o odor deste quarto. sinto-me febril. a minha epiderme cobre-se de suores nocturnos e nódoas negras e chagas e sinais do tempo e do destino. sou uma puta triste e apaixonada e não há pior no mundo do que uma puta apaixonada. lembro-me incessantemente do tempo em que percorria a calçada desta cidade sedenta de uns braços que me envolvessem, sedenta de carne humana numa alma animal que me fizesse viver os mil e um pecados da luxúria. um qualquer corpo que me tomasse como um capricho mudo nuns quaisquer lençóis lavados. depois apanhava a roupa do chão, mudava os lençóis e fazia a cama como se nada tivesse acontecido ali, como se tudo aquilo não passasse de um espasmo de insanidade erótico numa realidade imaginária.
mas hoje, hoje o erotismo morreu em mim. morreu quando esta febre crónica se apoderou deste corpo demasiado cansado. hoje tive mil convulsões e náuseas e um ardor tal que desejei largar-te de vez e voltar ao orgasmo fácil numa realidade não tão doentia quanto esta.

6 comentários:

David Pimenta disse...

fico sem fôlego ao ler-te, companheira e adoro essa sensação.

Marilena R. disse...

gostei muito !

KákáChi disse...

De suster a respiração e esperar para ler mais.
Lindo!

Beatriz disse...

Gostei!:)

JL disse...

sabes que me apaixono por esta tua escrita :p

André Mendes disse...

simplesmente lindo.