05 outubro, 2010

despejou o pacote de açúcar inteiro para dentro da chávena. ia sorvendo, num êxtase lento e impaciente, a infusão carmim que a luz do candeeiro a óleo projectava no seu rosto. tinha os ombros descobertos e o seu peito espreitava por entre os buracos de renda da camisa branca que vestia naquela noite. a imagem dela representava as mil quimeras que me assaltavam a alma. toda ela me perseguia incessante pelas ruas da cidade a uma hora demasiado tardia para as minhas fantasias não passarem da inocência de uns beijos foragidos. toda ela me levava ao encontro de uma sedução adiada por mil noites, ao encontro de um sem fim de chagas que ficaram por fechar.
os meus dedos já não saciam a sua ausência.

4 comentários:

JL disse...

como sempre, de mestre

Gislãne Gonçalves disse...

Intenso.

belissimo texto

:)

boldaslove disse...

realmente torna-se bastante difícil descrever tudo o que li, só pelo simples facto das palavras se acabarem- talento para a escrita, não o desperdiçes porque o teu é certamente divino.
muitos parabéns

Afonso Arribança disse...

Sempre que te leio, fico num impasse. Que hei-de dizer se continuas sempre a mesma? Texto de génio.