
25 novembro, 2011
Completamente incompleto numa noite normal,

20 novembro, 2011
Colaborações (durante a tarde),

17 novembro, 2011
O canto às desistências temporárias: o início,

12 novembro, 2011
Os loucos de espírito fazem amor com o próprio corpo,

O vento alcança os meus cabelos, massajando-os e cuspindo neles num rodopio malandro que me leva a ganhar um pouco mais de rugas de expressão. Quando tal fenómeno acontece, o simples plantar das rugas de expressão de indignação ou mesmo de felicidade, cai na minha alma o caminhar do tempo e a falta de vivência que posso estar a ter nos minutos que passaram e que vão passando à medida que penso no assunto. Trata-se de suposições, dúvidas que inflamam as minhas veias à medida que os pensamentos vão inundando a minha mente, a cada minuto e não há forma de carregar no botão de paragem para evitar um acidente de ondas dentro da minha cabeça. O vento vai continuando a massajar os meus cabelos com os lábios suaves, cuidados graças a uma operação violenta à pele (como se qualquer brisa conseguisse ter pele, as minhas divagações vão acabar por matar-me um dia).
Os meus braços encontram-se cansados de ver o mundo na primeira pessoa, de elaborar o meu estilo artístico na individualidade e na visão dos meus olhos castanhos de tons escuros. Nos momentos em que suporto o peso do (meu) mundo não consigo pensar em mais ninguém a não ser em mim, não vejo amor em qualquer segundo ser humano. Demasiado egoísta para usar o acessório de amigo a combinar com as minhas roupas, demasiado egocêntrico para mudar qualquer valor no meu planeta, nunca vou ser capaz de o melhorar. Os desejos percorrem os nervos faciais, irritando a pele morena do meu rosto bronzeado na tarde de domingo (naquele Verão em que trocámos demasiados beijos e juras eternas de amor que nunca vou quebrar), os desejos individuais e desnecessários. Se quero dançar no meio da minha casa coloco um impedimento na minha acção, como se tivesse mil olhos a julgar e a percorrer o meu corpo. E talvez seja essa a minha morte, daqui a alguns anos. Se o suicídio passar pelo meu coração, numa fase aparentemente excêntrica (é este o adjectivo que me faz pensar no quão difícil é conviver comigo mesmo nas tardes em que não existe absolutamente nada para fazer, quero apertar o meu próprio pescoço e fazer amor com o meu corpo, quero um segundo corpo para puder dar asas às minhas obscenidades), se a morte sorrir para a minha existência vou ter os mil olhares na minha mente e o medo vai apoderar-se da minha acção. Segurança, diriam algumas verdadeiras amigas estivessem a ler o que escrevo. Falta segurança nas minhas acções, acusaria uma delas na sua voz suave e melancólica, no mais pequeno pormenor até ao desenrolar da vida. Talvez seja por isso que me custa escrever cada vez mais escrever na primeira pessoa, existe uma insegurança apegada à vulgaridade existente na minha existência. Os meus braços encontram-se cansados de ver o mundo na primeira pessoa mas não querem passar essa tarefa para uma segunda pessoa, que conte a minha história com sentimentos deturpados por uma individualidade completamente diferente da minha. O meu vento alcança os meus cabelos e acaba por ir saboreando o meu corpo, com manias para o envelhecimento a cada dia que passa. O que vou fazer quando a juventude começar a desaparecer do meu corpo? Não quero afundar-me neste medo, meus caros.
Os meus monólogos deliciam-me, apodrecem a minha pureza mas nunca me senti tão bem em toda a minha vida. Nem fazem ideia do quando dava para ter o meu corpo separada da minha alma, neste momento. Existe um desejo obscuro de fazer amor com o meu corpo e chorar à medida que o amar intensamente nesses minutos – vou aproveitá-lo enquanto sou jovem.
E um viva aos loucos de espíritos! O vento continua a massajar os meus cabelos.