08 fevereiro, 2012

Falo de ti às pedras das estradas todos os dias,

Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que é louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória, 
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São os astros que me tombam do regaço.

Florbela Espanca, A Mensageira das Violetas



No Sol que iluminou o dia apercebi-me, com o cigarro na boca, da ausência de respeito pelos teus sentimentos, pela tua condição de amante a partir do momento em que abri a boca para te falar sobre o meu coração, sem cuidado, sem espaço para pensar. Nas palavras cortantes, no entrecortar de pormenores essenciais, não atendi ao teu amor, ao teu sentimento proveniente de outros tempos. Neste flutuar em que a minha vida se encontra, nesta necessidade de pausa em que o meu corpo necessita. Oh, quando somos nós que cometemos o erro é fatal para todas as veias, amortece o aceleramento dos batimentos cardíacos, a alma morre um pouco mais. A partir do segundo em que me apercebi do erro pela ausência e pela mudança dentro de mim, pedaços da alma derreteram, provas que necessito de mostrar ficaram mais fortes. Oh, as acções vão ser o meu ingrediente principal, a minha alma continua a mesma com algumas defesas. Necessito de retirar essas defesas para contigo, se o meu papel se invertesse, se o jornalista fosse a segunda pessoa e me perguntasse “Quem te conhece melhor?”, provavelmente diria o teu nome, não me ocorre outro depois da minha mãe e do meu pai. E com isto peço-te desculpa. Desculpas não se pedem, evitam-se, diriam muitos. Com os erros aprende-se, existe formação humana, com isto ama-se um pouco mais. Odeio-me à meia-noite de todos os dias, quando um novo dia começa. Isso vai mudar, acabou-se o desgaste. Começa o renascimento, a subida aos céus. Oh, perdoa-me meu amor. Se soubesses o quão morto estive hoje. Se eu soubesse o quão morto estiveste hoje. Neste flutuar em que a minha vida se encontra, tento entender as tuas páginas. As minhas são escritas de forma rabiscada, quando estiver contigo, aconchegado, a partilhar a vida, vou lê-las ainda melhor. A minha alma gémea está comigo, ficarei sempre contigo. Perdoa-me, falo de ti às pedras das estradas todos os dias da minha vida.

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