21 dezembro, 2012

O amor para ti e para mim



Aos poucos, aprendo o ver os significados da palavra amor. Essa palavra que resiste à passagem do tempo, à destruição dos mundos, à morte de personagens vivas e determinadas para a nossa existência. É uma palavra capaz de se tornar em ação. Pelo pequeno-almoço que costumamos tomar juntos, pela quantidade de pizza e coca-cola que vamos colocando dentro do organismo – e só nós sabemos o quão mal faz à nossa saúde – pela falta de vontade em fazer exercício físico. Sinto amor quando olho para a tua cara, acabada de acordar depois de uma noite recheada de álcool ou danificada graças a um dia inteiro a estudar, quando os teus olhos castanhos contêm olheiras do tempo e das vivências. Também as bochechas cor-de-rosa, capazes de me fazer colocar as mãos e apertar – até não ter mais forças para tocar num recanto da tua alma.

Levanto-me da cama, mesmo antes de chegarmos sequer a adormecer, para beber contigo uma garrafa de vinho verde e fumar um cigarro. No meio da nossa casa, envelhecida pelas gerações anteriores que por lá passaram e pelo fumo que sai das nossas bocas, somos capazes de colocar qualquer jogo de palavras em cima da mesa – é isso que os grandes amigos, companheiros de casa, namorados de longa data fazem. No meio da sala nasce a intimidade, apenas nossa. Uma intimidade que nos faz segurar um copo de vinho, um cigarro na outra ou a apagar-se no cinzeiro e com conversas no caminho de Ti, de Deus, de uma divindade. Queríamos e conseguimos dizer-Te tudo o que sentíamos, que és uma espécie de beleza divina, enumerámos os momentos em que sentimos a tua presença. Não te coloquei agora em letra maiúscula porque significas amor para os meus ossos, os meus olhos também castanhos e até para os meus lábios. E sabemos que todos os problemas, as centenas de beijos alheios que trocamos com desconhecidos provém de uma falta de amor extrema.

Essa falta de amor leva a loucuras interiores, pensei contigo. Não foram precisas palavras para chegar a esta conclusão. Existem pessoas que moram nos quartos ao nosso lado com falta de amor, à espera de serem ouvidas plenamente durante uma conversa. A gritarem interiormente e a serem ignoradas por todo esse teatralismo e dramatismo, nascidos no fundo de um qualquer poço – o que se encontra no lugar de um coração. No meio das lamúrias, não consegui perceber, em conversa contigo, o motivo por os outros terem fome e sede de amor. Arde-me a garganta quando penso que não consigo amar ninguém, disse-me uma amiga minha há uns tempos atrás. Talvez seja essa a sensação, não a perceciono por sentir-me feliz há algum tempo, por ter o meu peito cheio de sangue, sensações e sentimentos carregados de boas vivências.  As caças que vemos em qualquer bar ou no largo do nosso bairro provêm das ausências de autoestima e não compreendo essa sensação, apenas um terço.

O que me dá mais gosto em ti é ver-te sair de casa com um raio brilhante, mesmo nos minutos em que te apetece gritar – como aconteceu há algumas semanas, ao notares a falta de uma das nossas garrafas de vinho verde. Enche-me todo o peito quando usas uma cor preta, a conjugar com os teus cabelos compridos. Orgulho-me quando falamos em Deus, quando falamos de amor. Não sinto nem tu sentes fome de amor, lá no fundo. Pertencemos a um conjunto de pessoas que nasceram com sorte neste campo, minha amiga.

3 comentários:

ic disse...

que bonito David! :)

Princesa Catarina disse...

é muito amor para um corpo só. um grande bem haja meu amigo. <3

David Pimenta disse...

Um grande bem haja, minha amiga que este texto é para ti e foi escrito contigo no meu pensamento.