29 março, 2013

Ausência


Faltam-me palavras para descrever este vazio. Falta sempre alguma coisa, um alimento essencial para as proteínas equilibrarem a saúde de um corpo ou um batom vermelho a qualquer rapariga de forma a melhorar o estado dos lábios.

Um.
Dois.
Três.
Quatro.
Cinco.

Com espaçamentos bem sentidos nas minhas pulsações. De repente é como se todos os acontecimentos estivessem parados, a minha cabeça é um globo parado no meio de todas as horas. Costumam dizer-me para escolher quais as melhores horas em todos os meus dias e não consigo, neste momento, escolher qualquer uma. Cheiram a fumo. Graças à paragem e à ausência de palavras, que têm como destino a descrição desta falta de alguma coisa no meu peito, tenho uma vontade extraordinária de beber uma ou duas garrafas de vinho branco. Nasce em mim um desejo extremo, com uma intensidade igual à ânsia por álcool, de vomitar frases sem sentido nenhum e começar a chorar. Por não estar há demasiados dias na minha casa na capital, por não ter maioria dos seres humanos que conseguiram retirar alguma parcela de amor da minha alma. Passam-se seis, sete, oito dias e não aguento mais estas quatro paredes. Falta-me sempre alguma coisa. A mim, a ti ou ao outro ser humano que está a caminhar na rua. É isto: falta-me alguma coisa.
Desaparece chuva, estás a dar comigo em doido. Sinto a mergulhar nos meus pensamentos, tão férteis nestes dias de descanso.

2 comentários:

Leonor Neto disse...

Fez-me bem ler isto neste preciso momento. Obrigada por isso.
Beijinhos

David Pimenta disse...

E eu fico mesmo contente por isso, eu é que agradeço!