06 dezembro, 2013

Consome-me de uma vez


Consome-me. Consome-me com a tua boca, com os teus lábios, os teus olhos castanhos e a beleza que emoldura o teu rosto e o teu corpo. Consome-me antes de me cobrires com a tua alma, os tecidos que amaciam os teus órgãos e dão um sentido a toda a nossa existência como se houvesse qualquer uma. Os seres humanos necessitam de uma lógica, um caminho para aprofundarem as simples ações: comer, respirar, tomar banho, estudar, amar. Deixa-me desmaiar no teu corpo e respirar os teus cabelos antes de fechar os meus olhos cansados. Nós, adolescentes ou eternos jovens, abraçamos a paixão e o amor para experimentar a intensidade e a plenitude. Falta-me a inocência ao teu lado. A tua presença deu-me a conhecer a pose para a eternidade, de frente para as câmaras a relembrar-me da viagem das nossas almas ao longo das gerações. Quebramos agora o que chamam de natural só por nos apaixonarmos, pergunto-me o que quebrámos anteriormente. Deixa-me agarrar na tua boca e consumir-te, alimentar os recantos do meu corpo e do meu coração para viver mais uma vez no meu silêncio. O meu barulho sempre me incomodou até chegares.

Consome-me com a tua boca. Consome-me de uma vez apenas e sem pressa. Conhece-me até à nossa eternidade, nesta leve brisa.

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