Tentei colocar um ponto final mas saiu-me unicamente uma parágrafo por pressentir que tenho mais alguma coisa para contar. Quando a abri a caixa com o coração recheado de sangue dentro dela, suguei a minha própria alma para o vazio. Esse espaço sem definição e sem nome. No momento em que a destranquei, os meus cabelos castanhos adquiriram um tom avermelhado e palidez tomou conta dos pigmentos da minha pele. As filosofias tornaram-se acessórios de roupa e o sangue adquiriu um sabor doce, no momento em que passei a língua sobre as minhas mãos sujas. A juventude desvaneceu-se nesse instante e a uma obra de arte foi pintada dentro do meu coração. Na necessidade de pressentir umas mãos fortes, retirei o coração sem vida dentro da caixa. Pertencia a uma espécie de bruxa, com várias maldições na carteira e algumas visões de infelicidade no fundo da mala. Essa feiticeira pertencia a um círculo de magia negra, capaz de tomar conta do planeta se assim o decidissem. Esse coração proporcionava juventude eterna a quem o trincasse, ouvia as preces e histórias dos mais antigos na minha cabeça. Tentei colocar um ponto final mas fiquei com a eternidade à frente, a partir do momento em que os meus dentes trincaram o pedaço de carne. Desfiz as minhas intenções a curto prazo. Espera-me uma eternidade recheada de juventude até a máquina estiver desfeita.
Abri a caixa com o coração ensanguentado e nem fazia ideia de que encontraria um sentido para a vida tão carregado de pureza. A humanidade no meu corpo encontra-se glorificada, a minha alma morreu para a divindade. E os meus lábios necessitam de um beijo profundo.
6 comentários:
Confuso, mas em todas as maneiras lindo, como tudo o que escreves :)
Talvez seja essa a intenção, a confusão. Senti a necessidade de escrever e foi o que fiz. Enfim, um dia vou-me entender.
Arrepiei-me.
Pode estar confuso, mas fez-me pensar (daí o arrepio). Há dias em que sinto essa necessidade de que falas e preciso de por tudo no papel. E talvez não faça sentido para mim (leitora), mas faça para ti enquanto autor...
Se te fez pensar é isso que me importa. Que as pessoas entrem nas minhas palavras e consigam tirar alguma coisa, nem que sejam sensações.
Eu percebo. Tu percebes na tua interpretação. E podemos morrer depois disto.
E é isso não é? Necessidade de escrever, e sem sabermos bem é assim que nos vamos entendendo.
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